Amor ingênuo
NEIA ANDRADE
Quando se
entregar for inevitável, paira sobre a cabeça dos amantes: será que valerá a
pena tamanha entrega? Ele e ela serão cuidadosos com os meus sentimentos?
Ambos,
desconfiados, se olham, e o silêncio reina aflito, louco para ser quebrado por
um gemido, um grito de sentimento oriundo do peito, que bate desesperado sem
alento como um corpo despido que deseja ser aquecido e anseia encontrar abrigo
em braços macios.
Mas, oh!,
sentimentos de vidro! Por quê? Temem ser quebrados? Por quê? Não fogem nem
agem? Com os lábios trêmulos de medo, e a boca ardendo em desejo, é visível a
insegurança nas mãos frias e suadas da ingênua amante, que espera por seu
amado!
Já
experimentando de dores e com o coração cristalizado pelos dissabores do amor,
o que espera por ti, ingênua amante, já que teu amado se foi para longe? Será
que conseguirá alcançá-lo com a tua fragilidade? Sonhas que ele venha como
príncipe a galope, rápido, incendiado de amor?
Depois do
devaneio, retomando a consciência, recorda que ele sempre foi e sempre será um
amante. Duro para ti aceitar que nunca houve entrega. E sim espera...
Neia Andrade é colunista professora e compositora. E-mail: neia.andrade.ba@gmail.com.